PTRI – Comunidade de Inovação Pedagógica – UP

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ENQUADRAMENTO E MISSÃO 

PTRI (Porto: Territórios e Redes da Invisibilidade) é uma comunidade de inovação pedagógica que se fundou a partir de uma unidade curricular optativa do 2º ciclo de estudos do MIARQ/FAUP e de uma comunidade de investigação do CITCEM – dialéticas entre a “cidade invisível” e a “cidade visível”, considerando processo, projecto e obra no espaço público (infraestruturação, sociabilização e urbanidade) do território do Porto e do “Grande Porto” para reflectir, questionar, debater e compreender os processos de transformação contemporâneos do “ser urbano”.

Como fórum de produção de pensamento crítico e plataforma de ligação às comunidades no contexto amplo da sociedade civil, insere-se nas lógicas e dinâmicas do Envolvimento Social da Universidade, explorando as dinâmicas da sua 3ª missão.

As matérias (objecto, sujeito e objectivos) dos várias tipos de realização/produção académica e pré-profissional, desde o ensaio à dissertação, da intervenção em congressos, colóquios e publicações aos estágios e projectos de cooperação com outros colectivos de pensamento e acção, são discutidos de forma activa, compartilhando inquietações, artigos, conferências, eventos, documentários, livros, criando, assim, um campo comum e um corpo inter e transdisciplinar de interligação e interacção entre as diferentes temáticas, reflexões e investigações em desenvolvimento pelos vários membros que participam neste grupo de quase sessenta estudantes, investigadores e profissionais da Academia.

PROCESSO PEDAGÓGICO

PTRI, usando o Porto como foco da comunidade, como um laboratório “vivo”, e “ao vivo”, como ponto de partida para o seu debate, dentro e fora do campo da Universidade, apropria-se de diferentes espaços urbanos (materiais e imateriais, físicos e psicológicos) para conversar sobre arquitectura e urbanismo e os seus cruzamentos com as ciências sociais, humanas, políticas e as artes.

É de extrema importância e valor para a nossa formação enquanto arquitectos, urbanistas e artistas, mas também como indivíduos e cidadãos inseridos numa sociedade, que, na consciência do valor das práticas de observação das vivências, costumes e hábitos urbanos e territoriais, na sucessiva construção do nosso quotidiano, continuem a existir colectivos de investigação dedicados e interessados em estudar a cidade enquanto a vivem e experienciam, estudando e observando as realidades de exclusão, de territórios e redes de invisibilidades, como o próprio nome da comunidade indica, e que sejam participativos, mantendo um diálogo entre as técnicas e as comunidades.

O carácter multidisciplinar desta comunidade é encarado como uma vantagem e constitui, também, um factor enriquecedor, por “abrir horizontes” e dotar de capacidade crítica e promove, na equação ensino-aprendizagem – investigação- acção, a sensibilidade de pensar, de “ousar” pensar e fazer uma arquitectura que reflicta sobre a contemporaneidade, solidária com o conceito do “Em Comum”.

Pertencendo a Arquitectura ao campo das Ciências Humanas e Sociais, esta comunidade contacta directamente com outros agentes, outros cursos, outras equipas, num espaço diversificado nas suas opiniões e disciplinas, trabalhando como um colectivo de inovação pedagógica, nos tempos, formas e plataformas que adopta, contribuindo para as investigações de todos e de cada um. Através de práticas dinâmicas, pensa ser um valor acrescentado para a aprendizagem e o conhecimento ao longo da vida, cruzando já várias gerações entre os seus membros. Nesta comunidade, que estuda, segue e adopta novas formas de didáctica, pedagogia e intervenção,numa lógica de aprendizagem em serviço, desenvolvem-se posicionamentos críticos teóricos e práticos sobre a contemporaneidade que nos contextualiza, solicitações vindas do exterior e do interior da Academia com as quais, enquanto cidadãos, nos debatemos todos os dias, projectando o futuro das nossas cidades e sociedades.

Conjugando território e paisagem, urbanização, urbanidade e ruralidade, memória e esquecimento, “ser humano” e “ser urbano”, pretende-se, através de uma prática  de extensão à sociedade, enfatizando a equação ensino-aprendizagem-investigação-comunidades, reponderar as estratégias para o espaço da cidade, do seu território e das suas comunidades, numa lógica de “Service Learning” e “Engage Students”, numa abordagem metodológica de matriz qualitativa, etnográfica, recorrendo às ferramentas da observação participante e da investigação-acção.

Sublinha-se a importância do reforço da presença da interacção com as comunidades, em Arquitectura, da reflexão num espaço cruzado entre a Academia e a Sociedade Civil sobre a equação das redes, dos territórios e das comunidades da invisibilidade, materiais e imateriais, dos fluxos e dinâmicas e das geometrias variáveis de mobilidade das populações urbanas e periurbanas na medida do seu potencial para criar condições reais para um desenvolvimento e ordenamento mais inclusivo, sustentado, de progresso, segundo as tendências mais actuais do urbanismo feminista e do urbanismo participativo. Nesse sentido é uma preocupação a reinvenção permanente dos métodos/processos de abordagem do real e das utopias de forma a captar a atenção e desenvolver o perfil desta comunidade, conducente à formulação de pensamento crítico e á inovação pedagógica.

Esbater as fronteiras/barreiras do quotidiano da contemporaneidade, muito marcadas por lógicas de “zonamento” físico e intelectual, de fronteiras e territórios rígidos na sua espacialidade e conformação social, política e urbana, numa relação tensa entre acesso e exclusão, identidade e repulsa, pertença e abandono, podemos caracterizar as práticas pedagógicas associadas a esta comunidade como potencialmente catalisadoras e desbloqueadoras da construção individual e colectiva de posicionamento crítico lúcido, numa dialética constante entre ensino e aprendizagem, ensino e investigação e investigação e sociedade, desenvolvendo, como atrás mencionado, a “3ª Missão da Universidade”.

 

PRÁTICAS DE INOVAÇÃO

Ancorando-se no objectivo de ampliar e difundir o conhecimento actual e, conjugando-o com as dinâmicas e práticas pedagógicas e didácticas mais recentes do pensamento europeu e anglo saxónico do campo artístico-científico, constituiu-se, em paralelo com esta comunidade de inovação pedagógica, uma linha integrada de estudos trans e interdisciplinares e uma bolsa de projectos de investigação, convocando a FAUP e consolidando as práticas colaborativas com o CITCEM (na forma de comunidade de investigação do território e das comunidades), apostando em práticas de partilha nas esferas curricular e de investigação, disponibilizando, no sentido de criar plataformas de intersecção intelectual, um conjunto de sessões abertas à comunidade académica e á sociedade, espaços de partilha e discussão nas redes sociais, conversas e tertúlias colectivas, espaços de colóquio e práticas colaborativas com outros projectos da UP e da sociedade. Nestes momentos, que se vêm revelando muito participados, contando com a presença de estudantes de frequência formal e informal, portugueses, Erasmus, de outros anos lectivos, de outras unidades orgânicas da UP e mesmo alguns que já completaram o curso de mestrado e que se encontram em estágio ou a iniciar a frequência de cursos do terceiro ciclo, possibilita-se a criação de uma atmosfera pedagógica inovadora, de um enriquecimento da massa crítica em ambiente universitário e de afirmação de diversidade, inclusão e difusão como valores essenciais da formação ao longo da vida.

 

OBJETIVOS DE ENVOLVIMENTO SOCIAL

Entre as múltiplas razões que nos poderiam motivar a desenvolver todo este processo pedagógico destacam-se algumas julgadas como estruturantes:

  1. Recuperação do sentido social da educação em Arquitectura no sentido de contribuir para o desenvolvimento da sociedade;
  2. Potenciação de um conceito democrático e participativo de cidadania activa, fomentando a consideração na equação da urbanidade das redes físicas e sociais que caracterizam a vertente do urbanismo que considera os actores, as pessoas e as comunidades na sua equação;
  3. Sublinhar das relações urbanas de coesão e de incremento do capital social dos bairros e das comunidades, potenciando a cumplicidade dos processos de ensino/investigação, aprendendo a trabalhar as redes, a trabalhar em rede e a acompanhar o progresso e resultados desses mesmos projectos de intervenção nas lógicas da já referida aprendizagem em serviço;
  4. Melhorar a percepção social dos estudantes e investigadores e empoderando-os de meios, ferramentas e plataformas de compreensão e desenho dos territórios urbanos, em especial dos chamados territórios em perda em que essas redes da invisibilidade se expressa. Desde as condições de urbanidade básica até às redes de comunicação e informação digitais.

Visando o aprofundamento do campo referido no ponto anterior, na equação enunciada, designam-se alguns objectivos que estão na retaguarda das acções de inovação pedagógica:

– Disponibilizar informação relevante para a aquisição/ampliação dos conhecimentos no campo das invisibilidades do espaço urbano;

– Criar espaços de reflexão/debate sobre conteúdos programáticos específicos em ambiente analógico e digital;

– Proporcionar plataformas de partilha/difusão do conhecimento apreendido e produzido no âmbito da U.C. e das comunidades de inovação pedagógica e de investigação associadas;

– Fomentar o desenvolvimento de autonomia nos estudantes face a questões de diferentes graus de complexidade intelectual, considerando o processo de transformação histórico e a capacidade de resposta a desafios da

– Trabalhar com múltiplas fontes de informação considerando a sua aquisição, interpretação e cruzamento intelectual de forma a criar bases sustentáveis para uma interpretação e discurso qualitativo, indexado a cada sujeito, traduzido, como produto, em posicionamento crítico na área disciplinar de Arquitectura e áreas interseccionais;

– Desenvolver as práticas de estudo/trabalho individual e colectivo, estimulando a crítica e a auto-crítica;

– Produzir documentos orais e escritos de análise e síntese capazes de sustentar argumentos sobre matérias gerais e específicas da área disciplinar e de áreas afins, estimulando a arte do ensaio e da escrita criativa em ambiente artístico;

– Aprender a trabalhar com as transversalidades disciplinares e suas intersecções de conteúdos, de forma a enriquecer e ampliar o conhecimento, privilegiando os contactos com áreas do saber que possam enriquecer a formação em Arquitectura.

– Construir posturas críticas perante problemas complexos e aferir do seu grau de aplicabilidade, num diálogo permanente entre as realidades e as utopias;

– Formular pensamento original sobre questões da área disciplinar e de áreas afins, na perpectiva da compreensão da contemporaneidade, da compreensão do “ser urbano” e da função social do arquitecto.

 

BASES PROGRAMÁTICAS DA COMUNIDADE

As bases programáticas desta comunidade, equacionado conceito, tempo e espaço, assentam nos seguintes eixos

– Ideia e Conceptualização;

– Desenvolvimento e análise;

– Síntese e Acção,

segundo os vértices:

– Formação e Acesso;

– Consolidação e aferição;

– Afirmação e difusão,

discorrendo sobre os problemas e debates da contemporaneidade, da urbanidade e do “ser urbano”, revisitando operativamente – para explorar as dimensões de contexto – o período cronológico de duzentos anos do “entre séculos XIX/XX/XXI”, associado a marcos relevantes de mudança de paradigma nas matérias em estudo, análise e síntese, reflectindo cronológica e tematicamente o tempo e o processo sócio-histórico e o seu reflexo nas comunidades, a contemporaneidade das redes materiais e imateriais, sociais, políticas e urbanas, invisíveis numa análise superficial, mas fundamentais para a estruturação da vida da cidade, considerando:

– Reflexos das políticas de obra pública do Estado Central na administração municipal e sua tradução nos órgãos decisores de maior proximidade aos cidadãos;

– Rupturas e permanências no quadro legislativo, normativo e regulamentar e suas evidências na vida urbana;

– Transformações no sistema e regime político e modelos de gestão do território;

– Progresso científico, académico, económico, social, político, cultural e industrial/empresarial;

– Consciencialização dos problemas de saúde pública, responsabilidade social, cidadania e ambiente urbano;

– Impacto das políticas públicas na cidade, seu território e no “ser urbano”;

– Intersecções e relações globais e locais, nacionais e internacionais em matérias de urbanidade, desenvolvimento, sustentabilidade e infraestruturação urbana;

– Sociabilidades e comunidades, espaços de inclusão e exclusão social e territorial, considerando a totalidade dos agentes urbanos, com especial atenção para as minorias e identidades idiossincráticas no tempo, no espaço e na condição, observando os cruzamentos entre:

– Cidade e cidadania;

– Política/estratégia/planeamento/organização e desenvolvimento do território

– Economia/sociedade;

– Técnica/tecnologia;

– Arte/ciência;

– Estruturação/infraestruturação;

– Cultura e responsabilidade social,

e as transformações nos tempos e nos modos de:

– Ideia

– Estratégia;

– Processo;

– Projecto;

– Espaço,

considerando a dupla condição de “ser humano” e “ser urbano”.

 

PRÁTICAS COLABORATIVAS EM CURSO

  1. CITCEM – como “Comunidade de Investigação – Territórios da Invisibilidade”; Integrado no grupo Populações e Saùde dirigido por Antero Ferreira et alt.

 

  1. Programa ERASMUS + – como parte integrante do projecto Service-learning, Engage Students; Integrado no grupo dirigido por Isabel Meneses, Teresa Silva Dias, Sofia Pais, Pedro Ferreira, Antero Ferreira, Preciosa Fernandes, Cidàlia Duarte et alt.

 

  1. “Azevedo”, Campanhã – como parceiros da Associação PELE; Integrado no grupo dirigido por Hugo Cruz, Maria João Mota, Fernando Rodrigues

 

  1. “Programa Casa Renovada, Vida Melhorada” – como parceiros da Junta de Freguesia de Campanhã através do seu Assistente Social; Integrado no núcleo dirigido por António Pinto (“Chalana”) e Jacinta Magalhães

 

  1. “Programa Bairros Saudáveis” – em parceria com o Grupo Cooperativo GATHU, o CES da Universidade de Coimbra (URBINARTE) e a Junta de Freguesia de Campanhã; Integrado no grupo dirigido por Bernardo Amaral, Nuno Patrício, et alt.

 

  1. “Visual Spaces of Change” (CEAU/FAUP) e Scopio Editions – Secção Scopio Magazine (A2IU) “Invisibilidades”, Projecto editorial componente social/espaço e imagem (a 3º Missão da Universidade), Colecção de dissertações publicação digital “A imagem” – a imagem da contemporaneidade, – a imagem como documento, – a imagem do movimento, – a imagem como arte, – a imagem como investigação; Integrado no grupo dirigido por Pedro Leão Neto, Maria Neto, Miguel Leal, Isa Neves

 

  1. “FOCAR – Formação Orientada para a Coreografia em Arquitectura” – em parceria com a Companhia Instável/Teatro do Campo Alegre; Integrado no colectivo dirigido por Ana Figueira

 

  1. “Habitar el Carrer” – em parceria com a ETSAB, Barcelona. Integrado na equipa de Zaida Muxi e Bruno Seve

 

  1. “Habitar a Água 5.0” – em parceria com a Águas do Porto, E.M. Integrado no Porto Water City tutelado por Frederico Fernandes

 

  1. “A comunidade como prática” INOVPED UP; Integrado no grupo dirigido por Isabel Meneses Teresa Silva Dias, Sofia Pais, Pedro Ferreira, Antero Ferreira, Preciosa Fernandes, Cidàlia Duarte, Joaquim Coimbra, Carlos Gonçalves, Rita Ruivo Marques, et alt.

 

  1. CIBA – como parceiros do Ajuntament de Santa Coloma de Gramenet; Integrado no grupo dirigido por Inma Moreleda, Rosina Vallbé, Maria Jimenez, Maribel Claramonte, et alt.

 

VÉRTICES DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA/TEMAS EM DESENVOLVIMENTO NO ÂMBITO DA COMUNIDADE PEDAGÓGICA

  1. Arquitetura e movimento. Dispositivos “dançantes” no espaço público – Maria Eduarda Filipe
  1. Desenhar a Noite. Porto: uma leitura crítica dos territórios da noite urbana – Nuno Lopes Delgado
  1. Habitar a rua. O efémero – Apropriação de outros espaços do esquecimento – Marta Sofia Regadas
  1. Mapear a mobilidade, a partir de Gonça, Guimarães – Beatriz Ferreira Merouço
  2. Arquitectura e Imagen. Tensiones entre espacio y fotografía – María Rial Martínez de Alegría
  1. A condição das Mulheres no Espaço Público: Territórios de conforto e desconforto na urbanidade contemporânea – Natália Fernandes Fávero
  1. O Balcão. Debruçar sobre a cidade – Júlia Mara Rodrigues Pereira
  1. [Re]Pensar a Casa. Perceções e Sensorialidades do Espaço da Casa – Diana Parente Gonçalves
  1. O devir (in)consciente do percurso na imagem-movimento: a essência espacial enquanto representação – Pedro Jorge Soveral Elias
  1. Habiter l’Eau, les Lavoirs Publics de Porto: une expérience des femmes dans la ville moderne – Chloé Marie Nadou Darmon
  1. Não abastecer o aparelho produtivo sem o transformar. Sobre a condição política da produção e do ensino-aprendizagem em Arquitectura – Fernando Luís Silva Pimenta
  1. Welcome to Superearth! Uma alegoria da tecnoutopia urbana – José Guilherme Manasse Teixeira Leite
  1. No “forro do tecto”, as invisibilidades do salto no território da raia transmontana – Mário Esteves
  1. (Des)desejo, cartografias da prostituição no espaço urbano do Porto – Margarida Silvestre
  1. “A construção social do espaço. Territórios de género em arquitectura” – Ana Olívia Arantes
  1. Do Comum. Políticas Públicas e Práticas Privadas do Habitar: Do Global ao Local – Margarida Avellar Gaspar
  1. Revisitar a transformação da arquitectura regional, num contexto de um núcleo de investigação acção
  2. O Ensino e a Aprendizagem face às transformações da prática: Reflexão teórico-prática de um caso de estudo – Diogo Rodrigues
  1. A Paragem de Autocarro – Inês Álvaro
  1. Aqui podia morar gente – Rebeca Cristina
  1. O carácter dos Muros – Leonardo Viola
  1. 1M2: O «Quiosque do Piorio» como ponto de vista de um outro Porto” – João Pereira
  1. Cidade do Genius Étnico – Matheus Astori
  1. Deambulações: um percurso pelos limites e territórios urbanos – Catarina Oliveira

DEBATES ONLINE

 

CONVERSAS VADIAS #14

“ARQUITECTURA E MOVIMENTO”

25 de Junho, 10h00, 2021

Maria Eduarda Filipe convida Sara Garcia.

 

CONVERSAS VADIAS #13

“DESDESEJO”

14 de Maio, 11h00, 2021

Margarida Silvestre convida Júlio Dinis.

 

CONVERSAS VADIAS #12

“ESPAÇO, CORPO, TEMPO E MOVIMENTO”

30 de Abril, 18h00, 2021

Maria Eduarda Filipe convida Cláudia Oliveira.

 

CONVERSAS VADIAS #11

“NO FIM DO MUNDO

O Lugar da Granja, uma zona de intervenção prioritária”

30 de Abril, 11h30, 2021

Marta Regadas e Fernando Pimenta.

 

CONVERSAS VADIAS #10

“The night , the city and the common space”

29 de Abril, 17h30, 2021

Nuno Delgado convida Margarida Avellar, Marta Regadas, Inês Álvaro, Maria Eduarda Filipe e Catarina Oliveira.

 

CONVERSAS VADIAS #9

HABITAR A RUA

a partir da dissertação da Marta Regadas

29 de Março de 2021

 

CONVERSAS VADIAS #8

“Arquitectura e Movimento.

Dispositivos dançantes no espaço público”

Sexta-feira, 5 de Março de 2021, 18h00

a partir da investigação da Maria Eduarda Filipe

 

CONVERSAS VADIAS #7

A noite e a cidade: ideologia, desejo, expressão e (dis)rupturas

Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2021

Nuno Delgado, Margarida Avellar, Marta Regadas, Margarida Silvestre, Natália Favero, Chloe Darmon, Ana Arantes, Diogo Rodrigues

 

CONVERSAS VADIAS #6

TEMA: “HABITAR A RUA”

a propósito das investigações da Marta Regadas e da Margarida Silvestre

15 de Fevereiro, 2021, às 11h00

 

CONVERSAS VADIAS #5

tema: “A NOITE”

a propósito da investigação do Nuno Delgado, com a presença de Catarina Oliveira, Inês Álvaro e Margarida Avellar

Sexta-feira, dia 12 de Fevereiro, no Zoom, às 11h00

 

CONVERSAS VADIAS #4,

11 de Fevereiro de 2021,

com a arquitecta Ana Silva Fernandes

 

CONVERSAS VADIAS #3,  

psicologia e espaço, com a Professora Cidália Duarte

01.02.2021

 

CONVERSAS VADIAS #2

a propósito da investigação do Nuno Delgado_21.01.2021

 

CONVERSAS VADIAS #1

a propósito da investigação da Margarida Avellar_21.01.2021

 

 

A CIDADE QUE NUNCA EXISTIU

“o despejo do espaço público” e as “zonas a defender”

 

Edição do II Colóquio do Grupo de Investigação de PTRI

(MIARQ/FAUP) na tarde do dia 17 de Julho,

Rua Duque de Saldanha, Porto, no Atelier 328

 

A CULTURA E OS TERRITÓRIOS DA POBREZA NO PORTO

PTRI, 25 de Novembro de 2020 com a presença do Dr. António Pinto (Chalana), Sociólogo e Assistente Social na Junta de Freguesia de Campanhã.

COLÓQUIOS

 

“ENSAIO SOBRE O QUE SE NÃO VÊ”

COLÓQUIO ANUAL DA COMUNIDADE DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA-UP[PTRI]

 

PTRI (Porto: Territórios e Redes da Invisibilidade) é uma comunidade de inovação pedagógica – UP que se fundou a partir de uma unidade curricular optativa do 2º ciclo de estudos do MIARQ/FAUP e de uma comunidade de investigação do CITCEM – dialéticas entre a “cidade invisível” e a “cidade visível”, considerando processo, projecto e obra no espaço público (infraestruturação, sociabilização e urbanidade) do território do Porto e do “Grande Porto” para reflectir, questionar, debater e compreender os processos de transformação contemporâneos do “ser urbano”.

 

Como fórum de produção de pensamento crítico e plataforma de ligação às comunidades no contexto amplo da sociedade civil, insere-se nas lógicas e dinâmicas do Envolvimento Social da Universidade, explorando as dinâmicas da sua 3ª missão.

As matérias (objecto, sujeito e objectivos) dos várias tipos de realização/produção académica e pré-profissional, desde o ensaio à dissertação, da intervenção em congressos, colóquios e publicações aos estágios e projectos de cooperação com outros colectivos de pensamento e acção, são discutidos de forma activa, compartilhando inquietações, artigos, conferências, eventos, documentários, livros, criando, assim, um campo comum e um corpo inter e transdisciplinar de interligação e interacção entre as diferentes temáticas, reflexões e investigações em desenvolvimento pelos vários membros que participam neste grupo de quase sessenta estudantes, investigadores e profissionais da Academia.

 

PTRI, usando o Porto como foco da comunidade, como um laboratório “vivo”, e “ao vivo”, como ponto de partida para o seu debate, dentro e fora do campo da Universidade, apropria-se de diferentes espaços urbanos (materiais e imateriais, físicos e psicológicos) para conversar sobre arquitectura e urbanismo e os seus cruzamentos com as ciências sociais, humanas, políticas e as artes.

É de extrema importância e valor para a nossa formação enquanto arquitectos, urbanistas e artistas, mas também como indivíduos e cidadãos inseridos numa sociedade, que, na consciência do valor das práticas de observação das vivências, costumes e hábitos urbanos e territoriais, na sucessiva construção do nosso quotidiano, continuem a existir colectivos de investigação dedicados e interessados em estudar a cidade enquanto a vivem e experienciam, estudando e observando as realidades de exclusão, de territórios e redes de invisibilidades, como o próprio nome da comunidade indica, e que sejam participativos, mantendo um diálogo entre as técnicas e as comunidades.

 

O carácter multidisciplinar desta comunidade é encarado como uma vantagem e constitui, também, um factor enriquecedor, por “abrir horizontes” e dotar de capacidade crítica e promove, na equação ensino-aprendizagem – investigação- acção, a sensibilidade de pensar, de “ousar” pensar e fazer uma arquitectura que reflicta sobre a contemporaneidade, solidária com o conceito do “Em Comum”.

 

Programa:

 14 JULHO

 10h00 – 11h00

ENSAIO 1

A cidade

Matheus Astori e Catarina Oliveira

A paragem

Inês Álvaro

 

11h00 – 12h00

INVESTIGAÇÃO 1

O feminino

Chloe Darmon, Natália Fávero e Ana Arantes

 

12h00 – 13h00

TRABALHO 1

As comunidades de trabalho

Diogo Rodrigues

  

15 JULHO

10h00 – 11h00

INVESTIGAÇÃO 2

 A utopia

Guiga Manasse

 

11h00 – 12h30

INVESTIGAÇÃO 3

A rua e o habitar

Marta Regadas

 

12h30 – 13h00

TRABALHO 2

O sonho

Fernando Pimenta

 

16 JULHO

10h00 – 11h00

INVESTIGAÇÃO 4

O comum

Nuno Delgado e Margarida Avellar

 

11h00 – 12h00

INVESTIGAÇÃO 5

O “Chão”

Bruno Quelhas

O território e o envolvimento social

Beatriz Merouço e João Costa

 

12h00 – 13h00

TRABALHO 3

A performance e o movimento

Margarida Silvestre e Maria Eduarda Filipe

 

A moderação de todas as sessões é feita por Mário Mesquita, Coordenador da Comunidade de Inovação Pedagógica – UP (PTRI)

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Edição do I Colóquio da COMUNIDADE DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA UP – PTRI, no dia 15 de Julho de 2021, no Parque das Águas, Porto, Rua Barão de Nova Sintra, 285

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Edição do II Colóquio do Grupo de Investigação de PTRI, (MIARQ/FAUP) na tarde do dia 17 de Julho de 2020, na Rua Duque de Saldanha, Porto, no Atelier 328

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Edição do I Colóquio do Grupo de Investigação de PTRI, (MIARQ/FAUP) na tarde do dia 17 de Julho de 2019, na FBAUP


 

TESTEMUNHOS

Testemunho 1:

Guilherme Leite, Brasil

Tive o prazer de compor a comunidade “Porto, Territórios e Redes de Invisibilidade” primeiro como aluno e posteriormente como ouvinte, participando das estimulantes aulas, debates e atividades organizadas e mediadas pelo professor Mário Mesquita. Ainda que o nome possa sugerir alguma especificidade quanto aos assuntos nela tratados, frequentemente os temas abordados ultrapassam toda e qualquer definição que se possa depreender ao “julgar esse livro pela capa”. Na realidade, PTRI é um espaço em que somos constantemente incentivados a levantar e “destrinchar” questões das mais variadas, num meio em que são garantidos o respeito às diferenças de valor e às divergências de opinião. Isso é possível em grande parte graças à intimidade forjada nesses encontros e cultivada entre seus membros num processo de maturação que já dura há mais de dois anos e que transcende ciclos lectivos, ao consolidar, fortalecer e perpetuar os vínculos ali estabelecidos. Ao combinar conversas, visitas, colóquios e avaliações, e sempre permitindo ampla margem para interpretação, subversão e até mesmo contestação, PTRI tornou-se numa rede coletiva e “horizontalizada”, acolhendo vozes diversas e disposta a explorar, sem pretensões ou agenda, as mais distintas áreas do saber. É importante sublinhar a importância fundamental do professor Mesquita para o sucesso desse projeto, tendo sido ele seu idealizador e maior proponente – para além de docente dedicado e profundamente investido no desenvolvimento tanto seu como de seus alunos.

Tendo tido o privilégio de frequentar instituições de ensino superior no Brasil, nos Estados Unidos e em Portugal, posso dizer que PTRI talvez represente o ambiente em que me senti mais próximo do ideal socrático de aprendizagem autônoma, priorizando o pensamento crítico em detrimento da imposição de ideias prontas. Criou-se um raro e fértil ambiente de interação e troca em que estudantes de diferentes perfis, idades e formações podem se expressar de maneira franca e irrestrita, trazendo cada qual sua individualidade à mesa para discutirmos, em primeira pessoa e sem medo de sermos julgados, condenados ou repreendidos temáticas tanto transversais a nossas respectivas vivências como específicas à subjetividade de cada um. Valorizando-se o lugar e espaço de fala uns dos outros, PTRI se provou também uma feliz e rica experiência de conscientização, inspiração, construção de confiança e desconstrução de estigmas, e um convite aberto à contribuição e colaboração de todos visando à lapidação de uma linguagem comum.

 

Testemunho 2:

Chloé Darmon, França

Quando cheguei ao Porto, para o meu Erasmus na FAUP em Setembro de 2018, eu vi que essa Unidade Curricular estava disponível, e inscrevi-me para conhecer melhor a cidade do Porto, longe das apresentações turísticas para estudante em intercâmbio. Eu queria conhecer realmente a cidade do Porto, a sua vivência e as pessoas que a habitam. Ao longo do semestre fui aprendendo com o professor Mário Mesquita sobre território, urbanismo, arquitetura, sociologia e antropologia. Aprendi sobre a arquitectura dos três A (arte, arquitectura, antropologia), conheci as ilhas do Porto, conheci “a cidade das aldeias”. No primeiro semestre do ano 2018-2019, alternamos entre vários tipos de aulas, presenciais teóricas nas cavalariças da FAUP, na biblioteca da FBAUP, na Unicepe, no Porto, e aulas presenciais de terreno onde fomos explorar a cidade do Porto, usando o transporte público, caminhando. O caminhar como um ato político é um dos fundamentos de PTRI que permite pensar sobre a cidade praticando e habitando ela.

Durante esse semestre, eu aprendi a pensar sobre o meu país de origem, a França, e sobre a metrópole de Paris onde habitava e estudava antes de chegar ao Porto, foi uma maneira interessante de aprender sobre as diferenças e as semelhanças entre duas cidades europeias assim que as influências francesas na cidade do Porto, assim que a exclusão das pessoas nas margens dessas duas cidades. Assim eu desenvolvi um trabalho sobre as periferias de Paris onde morava antes de vir para Portugal, e todas as aulas me ajudaram na construção de um trabalho partindo da minha experiência enquanto habitante.

Depois de todas as aulas do semestre, tivemos dois momentos de apresentação que permitiram pensar e refletir sobre a cidade em grupo reduzido de estudantes. A primeira apresentação ocorreu no jardim das Águas do Porto, num dos pavilhões realizados pelo arquitecto Mário Mesquita, e a cenografia do lugar, a relação com a paisagem, deu corpo à uma apresentação muito teatral e pouca convencional para a apresentação de um artigo científico permitindo de dar mais atenção aos temas abordados e gerar discussão. O outro momento de apresentação nas cavalariças da FAUP, na sala “cubo”, foi um momento de apresentações performáticas, com um público maior e mais diverso onde a ideia era captar a atenção dos participantes para apresentar os nossos artigos de maneira didática, com projeções, exposições, performances, monólogos, sempre tendo em conta a cenografia do local e a teatralização da nossa apresentação.

Depois desse semestre na UC de PTRI, aprendi a ver a cidade de maneira diferente. o grupo de PTRI continuou ao longo do segundo semestre, nos envolvendo na organização do segundo colóquio de PTRI que ocorreu no início de Julho 2019, este colóquio foi apresentado sob formato de vídeo durante a anuária de setembro 2019 e assim chamou a atenção para mais estudantes participarem da UC de PTRI. E desde então, eu me encontro incluída nesse grupo de investigação, eu utilizei os métodos das aulas de PTRI na minha dissertação de mestrado concluída em dezembro 2020.

 

Testemunho 3:

Margarida Avellar, Portugal

Mais do que uma unidade curricular (UC) da Faculdade de Arquitectura do Porto, o PTRI é um grupo – um colectivo de investigação -, onde discutimos os nossos trabalhos de forma activa, onde se (com)partilham inquietações, artigos, conferências, eventos, documentários, livros, criando assim um campo comum de interligação e interacção entre os diferentes temas e investigações em desenvolvimento dos diferentes estudantes que participam neste grupo.

O PTRI distancia-se das outras UC pela condição inerente às suas sessões. Usando o Porto como um laboratório vivo, e ao vivo, e ponto de partida para os seus debates, as sessões, fora do espaço da faculdade, apropriam-se de diferentes espaços urbanos para conversar sobre arquitectura e urbanismo, como também ciências sociais como antropologia e psicologia, entre outras ciências e artes.

É de extrema importância e valor para a nossa formação enquanto arquitectos, mas também como indivíduos e cidadãos inseridos numa sociedade, que num curso que se dedica à observação das vivências, costumes e hábitos urbanos, na sucessiva construção do nosso quotidiano, continuem a existir colectivos de investigação dedicados e interessados em estudar a cidade enquanto a vivem e experienciam, estudando e observando as realidades de exclusão, de territórios e redes de invisibilidades, como o próprio nome da UC indica, e que sejam participativos, mantendo um diálogo entre as técnicas e as comunidades.

O seu carácter multidisciplinar é uma vantagem e constitui, também, um factor enriquecedor, por nos abrir horizontes e dotar de capacidade crítica à medida que nos educa com a sensibilidade de pensar e fazer uma arquitectura que reflicta sobre os problemas reais.

Sendo a Arquitectura do campo das Ciências Humanas e Sociais, termos a oportunidade de ter contacto directo com outras pessoas, outros cursos, outras equipas neste espaço diversificado nas suas opiniões e disciplinas, podendo trabalhar como uma equipa contribuindo para as investigações de todos e de cada um. É uma mais valia para nós, para a nossa aprendizagem e conhecimento, desenvolvendo assim uma opinião sobre as nossas condições de vida e problemas contemporâneos com os quais, enquanto cidadãos, nos debatemos todos os dias, como também para o futuro das nossas cidades e sociedades.

 

Testemunho 4:

Beatriz Merouço, Portugal

O grupo de PTRI toma o nome da unidade curricular que o originou: Porto. Território e redes da invisibilidade. Aquilo que inicialmente correspondia a uma unidade curricular, é hoje um grupo de investigação coordenado pelo professor que encabeçou este projeto. Seja por frequentarem ou terem frequentado esta U.C., por serem ou terem sido alunos do professor noutras U.C., por estarem a ser ou terem sido orientados pelo professor na dissertação de mestrado, por estarem a ter o estágio profissional orientado pelo professor ou simplesmente por conhecerem e se interessarem pela dinâmica do grupo, os estudantes que aqui se reúnem mantêm o grupo vivo através de uma vontade de partilhar inquietações, reflexões ou investigações em curso.   No ano letivo 2018/2019 inscrevi-me na unidade curricular PTRI, que tinha nascido nesse mesmo ano. Na primeira aula sentámo-nos à volta de uma mesa e o professor assumiu um papel de moderação: o de lançar temas e provocações que pudessem despertar inquietações em cada um de nós para que a nossa palavra se seguisse. Logo aí fomos introduzidos a uma dinâmica de aula que vinha para ficar: nós, estudantes, estávamos ali para informar aquele espaço e para nos informarmos uns nos outros. Mas para gerar discussão ou construir uma reflexão partilhada é necessário que os participantes ouçam com atenção o contributo de todos e consigam pronunciar-se sobre temas de trabalho que lhes são distantes, mas também e, principalmente, que se sintam impelidos a contribuírem para a construção deste espaço pela participação. Este foi sem dúvida um dos desafios que o professor atendeu com mais subtileza, mas também com mais assertividade: mobilizar o estudante a contribuir para o enriquecimento dos trabalhos em curso através da discussão. Neste espaço de reunião havia um sentido de construção coletiva, de contribuir para outras investigações e de receber contributos para a investigação própria. Estas aulas, pela mão do professor, reconheciam o estudante como parte ativa na construção de conhecimento da universidade e davam-lhe espaço para se afirmar enquanto tal. Esta dinâmica pautou o trabalho de todo o semestre, mas raramente aconteceu na sala inicial. Quase todas as aulas aconteceram fora da faculdade: esta U. C. assumia-se como um espaço de reunião, de reflexão, de discussão sobre e com a cidade. Falamos sobre a cidade imersos nela, demos imagem a esses territórios invisíveis que nos rodeiam, mas teimamos em não ver. O contacto com as comunidades fez-se em encontros imprevistos, mas também em encontros planeados. Houve ainda vários momentos de partilha com quem atua sobre estes territórios, com atores de diferentes áreas disciplinares que trabalham com as comunidades para lhes dar visibilidade.   Assim decorreu o primeiro semestre com a consolidação deste espaço de partilha e a construção de uma relação de proximidade entre a universidade e a cidade, entre quem estuda e quem habita. No final do semestre, reforçando a lógica de partilha que sempre pautou as dinâmicas do grupo, organizou-se um colóquio em que cada um pudesse apresentar o seu ensaio e abri-lo à discussão na comunidade académica, um colóquio que se abrisse como um espaço mais alargado de enriquecimento coletivo. Depois do colóquio tornou-se claro para o grupo, que se reunia a propósito da U.C., que este espaço de partilha não terminaria com o fim do ano letivo. Alguns dos estudantes que frequentaram a U. C. deram seguimento aos trabalhos aí iniciados para montar um projeto de dissertação, outros iniciaram dissertações a partir de novas preocupações, mas, qualquer que fosse a situação, continuamos a reunir todos para falar das novas investigações em curso. Este grupo era um espaço aberto: participavam estudantes de outras equipas de orientação e estudantes que não tinham frequentado a U.C.. Com o início do novo ano letivo o grupo cresceu e passou a reunir estudantes de anos curriculares diferentes e com trabalhos distintos. Entretanto o grupo já conta três anos de existência e continua a crescer. Agora já não são só estudantes para além do professor, mas também aqueles que tendo concluído o mestrado se introduzem ao mundo de trabalho, por vezes em estágios profissionais também orientados pelo professor, e continuam a querer usufruir deste espaço, ao mesmo tempo que o informam, atenuando a distância entre a universidade e a cidade.   Este grupo, que hoje já reúne mais de cinquenta pessoas, apoia-se no espaço digital para manter todos a par das reuniões a acontecer, dos temas e trabalhos em discussão, mas também se servem destas plataformas para partilhar informação ou provocações sobre o que nos rodeia que possam ajudar a (des)construir não só as investigações académicas em curso como as posições que tomamos enquanto cidadãos. Este grupo consegue não só incitar uma construção partilhada de conhecimento dentro da universidade como responde também a uma vontade de levar para a vida profissional, pessoal e política a postura inquieta e em permanente construção com que a universidade marca o estudante. Este grupo é um ponto de articulação dentro da universidade (entre o corpo docente e os estudantes, entre os estudantes mais velhos e os mais novos, entre diferentes áreas disciplinares) e entre a universidade e as comunidades que animam a cidade, entre a universidade e o mundo sobre o qual ela pousa. Ainda assim, não estamos aqui perante um modelo fechado: o que podemos registar é uma vontade esforçada de construção partilhada e a disponibilidade de ir cuidando deste espaço, para aprender com ele e o transformar.

 

Testemunho 5

Natália Favero, Portugal

Inscrevi-me na optativa de PTRI, Porto, Território e Redes

de Invisibilidade, porque colegas tinham-me falado desta unidade curricular como sendo diferente. Foi o ano que ia começar o 5º ano e também a minha investigação no âmbito da dissertação de mestrado. Eu queria escrever sobre mulheres no espaço público, mais precisamente sobre violência sexual e assédio, tema(s) que soube ter sido recusado a outras colegas por parte de alguns professores da nossa faculdade. Descreveram-me o professor Mário como interessado em assuntos alternativos, polémicos, sociais, públicos/políticos e que a UC de PTRI era diferente, experimental e que decorria em grande parte fora do espaço da FAUP. Tudo parecia se alinhar com as minhas intenções para o trabalho de investigação. Matriculei-me na optativa e depois da primeira aula mandei email ao professor a propor que orientasse a minha dissertação. Frequentei a cadeira, fui às aulas, fiz o ensaio (objeto de avaliação do fim do semestre), partindo desse ensaio escrevi a dissertação, defendi o trabalho e acabei com a classificação excelente de vinte valores.

Na minha frequência em PTRI houve vários momentos de discussão e debate, principalmente referentes aos nossos trabalhos individuais. Foram cruciais. As respostas que fomos construindo às questões levantadas em conversa foram lentamente compondo os nossos discursos e, mais tarde, a nossa escrita. Foi enriquecedor para os momentos de partilha a diversidade de estudantes no que toca ao ano letivo ou ano de matrícula em que nos encontrávamos. Havia estudantes acabados de entrar no 4º ano, o primeiro do segundo ciclo, e outros já perto da entrega da dissertação depois de um ano só trabalhando para esse projeto (ou seja, 6ª matrícula). Em vários momentos fomos acompanhados por pessoas de fora que, desse modo, intervieram com olhares e perspectivas diferentes das nossas. A exploração por locais da cidade do Porto permitiu-nos um olhar diferente sobre os assuntos que fomos considerando relevantes para trazer a discussão, extrapolando o espaço físico e relativo da FAUP. Tivemos contacto com diferentes locais, diferentes instituições, agentes, diferentes espaços e diferentes associações. A ponte entre a faculdade e o mundo real foi sendo construída.

Os benefícios de ter participado neste grupo de investigação são para mim claros e visíveis. O resultado ou mais significativo foi ter concluído a defesa da dissertação com classificação excelente de vinte valores — com previsões para futuro estágio e com motivação para prosseguir estudos. Os objetivos estabelecidos por mim no início deste percurso foram todos atingidos e ultrapassados. Contudo, a minha vontade de continuar no grupo de investigação de PTRI e o seu potencial na minha formação contínua não se esgotaram.

Para além de tudo isto, o grupo de investigação serviu de incubadora para o núcleo feminista da FAUP, que se desenvolveu paralelamente a PTRI. Foi criado por mim e mais duas colegas, sendo que uma delas conheci no contexto de PTRI. Esse grupo e as atividades que através dele dinamizados muitas vezes se sobrepuseram a momentos de PTRI e também impulsionaram o nosso estudo sobre os temas das nossas teses (mulheres, espaço público, feminismo).

PTRI é uma base segura sobre a qual estudantes têm liberdade de explorar e investigar sobre os temas, espaços, áreas de conhecimento que nos suscitam mais interesse, uma base que permite fazer ponte para outras áreas científicas além da arquitetura e do urbanismo, que promove momentos de aprendizagem baseados na discussão e na exposição. Em contraponto a todos os exercícios de simulação das UC’s de projeto, PTRI serve de impulsionador para o mundo real, do estudo, do trabalho e da vida, que acredito ter moldado positivamente toda a gente que dele fez parte.

 

Testemunho 6

Pedro Soveral Elias, Portugal

Se o método de aprendizagem de qualquer matéria advém de uma ciência educativa que estabeleça princípios orientadores para a transmissão de conhecimento, essa, no caso de quem está a estudar a relação do todo – o território – com as partes – as pessoas que o ocupam – deve centrar-se na busca pela autodeterminação. Da mesma forma que a salubridade das relações humanas deve ser garantida pelo bem-estar individual que abrange a personalidade de cada pessoa, a forma de cada uma se relacionar com o território (com o que existe, ainda que invisível) depende igualmente da consciência coletiva em relação ao espaço que se ocupa e às interdependências que nos estabelecem enquanto sociedade. É por isso que a noção de autodeterminação se apresenta como a peça-chave para a criação e manutenção de uma comunidade. E a pedagogia, implícita na comunidade que é este grupo de investigação, não só tem o poder de ajudar cada investigador(a) a encontrar uma linha orientadora que potencialize o seu trabalho, mas, principalmente, tem a função de ajudar cada um e cada uma a aprofundar o conhecimento que tem de si próprio, das capacidades inerentes à sua prática e ao seu olhar sobre o que existe. Se todas as camadas que compõem o espaço são importantes para a sua total compreensão, entender todas as outras que compõem a consciência individual em relação a esse espaço é ainda mais importante e permite a construção de pontes que podem estabelecer metas complementárias a cada aprendizagem e método de investigação.

E é precisamente com base nesta autodeterminação que, à semelhança de todas as pessoas neste coletivo, fui encontrando uma área de investigação e intervenção que me ajudasse a desenvolver um olhar sobre as invisibilidades do mundo e a projetar um conjunto de interesses que viriam a estabelecer motes para outros trabalhos que, entre nós, vamos desenvolvendo quotidianamente. Por vezes, tais motes poderão encontrar-se num simples passeio por uma cidade encerrada pelo confinamento da sua liberdade de ocupação, num retrato espontâneo que evidencie uma qualquer vivência alheada à existência da câmara de filmar, ou numa conversa espontânea sobre as experiências e memórias que montam o quadro na nossa existência. E estas últimas, no que à experiência e à memória dizem respeito, podem ser enquadradas como o material mais digno de uma pedagogia com vista à autodeterminação de tudo o que existe, na sua forma mais livre e genuína.

Enquanto investigador deste grupo, foi-me despoletada a possibilidade de pensar a imagem e a experiência espacial em confronto com a perceção que cada um tem sobre tudo o que o rodeia. No meu caso, o cinema e a imagem em movimento determinaram a finalidade derradeira para a apreensão de todas as narrativas que constroem e condicionam o espaço. Porém, nenhuma investigação teria sido levada a cabo sem a partilha da experiência alheia – das conversas frequentes entre todos os elementos do coletivo e, principalmente, do desafio de ser constantemente confrontado por autodeterminações diferentes da minha.

No fundo, a maior invisibilidade de todas encontra-se na luta quotidiana por tentar trazer à luz da discussão fatores que ultrapassem o privilégio do conforto. E certamente não haverá melhor metodologia para o fazer do que a de confrontar experiências que fujam ao lugar-comum dos clichés da investigação sobre o domínio da cidade. É preciso percorrê-la em pé de igualdade com toda a gente que nela habita e compreender que a única diferença que podemos fazer é pela força do inconformismo. Se assim for, tenho a certeza de que a compilação de todo o conteúdo produzido por cada elemento deste grupo de investigação será importante para derrubar as fronteiras conformistas do conhecimento e elevar o valor da pedagogia.

REPOSITÓRIO

 

MEMBROS DA CIP – UP (PTRI)
  1. Amanda Cavalcante FAUP 5º
  2. Maria Alejandra Pita FAUP 5º
  3. Júlio Dinis FAUP arquitecto
  4. Gabriela Vasconcellos FAUP 5º
  5. João Diogo Oliveira FAUP 5º
  6. João Fernandes Faria FAUP 5º
  7. Rita Pereira FAUP arquitecta
  8. Anna Pereiraki Kercheva FAUP 5º
  9. Natacha Martins FBAUP pintora
  10. Ines Cavaco FBAUP pintora
  11. Mariana Bragada FBAUP pintora
  12. Mariana Castro FAUP 5º
  13. Gabriel Conrado FAUP 5º
  14. Gonçalo Lopes FAUP 5º
  15. Leonardo Viola FAUP 5º
  16. Rebeca Cristina FAUP 4º
  17. Maria Clara Savoia FAUP 5º
  18. Clara Lopes FAUP 4º
  19. André Almeida FAUP 5º
  20. Maria Eduarda Filipe FAUP 5º
  21. Irene Bordin FAUP arquitecta
  22. Catarina Oliveira FAUP 4º
  23. Matheus Astori FAUP 4º
  24. Miguel Cardoso FAUP 4º
  25. Ines Alvaro FAUP 5º
  26. João Pereira FAUP 4º
  27. Alícia Medeiros FBAUP Bolseira
  28. Mafalda Marques FAUP 5º
  29. Inês Lopes FAUP 5º
  30. Diana Parente FAUP arquitecta
  31. María Rial Martínez De Alegría FAUP arquitecta
  32. Sancha Castro FBAUP pintora
  33. Beatriz Merouço FAUP arquitecta
  34. Guiga Manasse FAUP arquitecto
  35. Julia Rodrigues FAUP arquitecta
  36. Marta Regadas FAUP 5º
  37. Isadora Dos Anjos FAUP 4º
  38. Margarida Silvestre FAUP 5º
  39. Margarida De Avellar Gaspar FAUP arquitecta
  40. Ana Chaves FAUP 5º
  41. João Pedro Saraiva FAUP 5º
  42. José Girão FAUP arquitecto
  43. Mário Mesquita FAUP arquitecto
  44. Alexandra Paulo FAUP 5º
  45. João Queiroga FAUP arquitecto
  46. Natália Fávero FAUP arquitecta
  47. Ana Arantes FAUP 5º
  48. Maria Franca FAUP 5º
  49. Eva Monteiro FAUP 4º
  50. Nuno Lopes Delgado FAUP 5º
  51. Mário Esteves FAUP arquitecto
  52. José Daniel Mourão FAUP 4º
  53. Artur Prudente FBAUP designer
  54. Pedro Soveral Elias FAUP arquitecto
  55. Sara Duarte Naia FAUP 3º
  56. Rita Correia FAUP arquitecta
  57. Gabriela Magalhães FAUP arquitecta
  58. Bruno Plasencia Quelhas FAUP 5º
  59. Diogo Rodrigues FAUP 5º
  60. Fernando Pimenta FAUP arquitecto
  61. Pedro Henrique Penalva FAUP arquitecto
  62. Mariana Silva FAUP arquitecta
  63. Chloé Darmon FAUP arquitecta